Cigarrinha, um problema para o pecuarista
Segundo o censo agropecuário do IBGE de 2017, a área total de pastagens no Brasil é de cerca de 159 milhões de hectares, sendo que 30% destas são de pastagens naturais e 70% são de pastagens cultivadas. Um dos grandes problemas destas áreas hoje é a presença das cigarrinhas-das-pastagens. Existem várias espécies deste inseto-praga, mas na pastagem os gêneros Deois e Mahanarva se destacam, sendo que a espécie de maior importância é Deois flavopicta.
O ciclo de vida da cigarrinha, em condições ambientais favoráveis, dura em média 50 dias, e possui três fases: ovo, ninfa e adulto. Os ovos são depositados na região da base das plantas, e com o início das chuvas ocorre a eclosão, dando origem às ninfas. Estas passam por algumas trocas de pele (exoesqueleto), chamadas de ecdises, e na última troca se transformam em adulto. A ocorrência delas na pastagem coincide com as épocas chuvosas, e dependo da região, elas têm entre três e seis gerações no ano.
Durante o período seco, elas resistem em forma de ovo, podendo ficar nesta fase por até 200 dias. Um fator que ajuda a perceber a presença deste inseto no pasto é encontrar massas de espuma na base das plantas hospedeiras. Na fase de ninfa ela produz essa espuma que ajuda a manter a umidade ao seu redor, e também serve como proteção contra inimigos naturais.
Esses insetos são sugadores e se alimentam da seiva das plantas. Ao mesmo tempo em que estão sugando, elas também injetam substâncias tóxicas no tecido vegetal, causando fitotoxemia (intoxicação geral). Os danos visíveis na pastagem são as folhas amareladas e secas, dando um aspecto de planta queimada, e em casos mais graves, podem levar até à morte. Quando a quantidade de cigarrinhas é alta, o crescimento da pastagem é menor e mais lento, diminuindo a capacidade produtiva.
A ocorrência de grandes populações de cigarrinhas nas pastagens pode trazer muitos prejuízos econômicos. Estas gramíneas forrageiras ainda são a principal base da alimentação para os bovinos, mas nem sempre estas áreas são vistas com o cuidado que merecem. Isso acontece devido à dificuldade de mensurar em números o quanto problemas com esta cultura influencia nos resultados da produção do pecuarista.
Algumas formas de controle desta praga já vêm sendo utilizadas em campo, como o uso de inseticidas químicos, o cultivo de espécies de gramíneas mais resistentes às cigarrinhas, e também o controle biológico, com ajuda dos inimigos naturais do inseto- praga, como por exemplo, os fungos.
Para que haja um controle eficiente dessa praga, realizar aplicações no momento correto é fundamental. E qual seria este momento? Para que aplicações sejam feitas no momento certo e os resultados sejam eficazes é muito importante entendermos o ciclo de vida deste inseto-praga, e assim, conseguirmos realizar um controle biológico estratégico. De maneira geral, as primeiras aplicações para controle dessas pragas deve ser feita logo que o produtor perceber a presença das primeiras cigarrinhas adultas. Como as cigarrinhas necessitam de umidade mais alta para o seu desenvolvimento, este surgimento das primeiras cigarrinhas adultas deve ocorrer logo após as primeiras chuvas. O produtor deve ficar muito atento quanto a necessidade de mais aplicações, que devem ocorrer de acordo com o ciclo da praga. Essa segunda aplicação impede a terceira e maior onda de infestação das cigarrinhas, garantindo um controle eficiente dessas pragas.
Bibliografia
Sujii, E.R. Modelagem e simulação da dinâmica populacional da cigarrinha-das- pastagens, Deois flavopicta (Homopteia: Cercopidae). Dissertação de Doutorado – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP, 1998.
Valério, J.R. Cigarrinhas-das-pastagens — Dados eletrônicos — Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2009. 51 p (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983- 974X ; 179).
Autor: BÁRBARA MATOS DO PRADO